Quem somos

Plataforma Deserto Verde

A plataforma Deserto Verde trata-se de uma iniciativa de articulação e construção coletiva de uma plataforma colaborativa na internet a partir da luta dos movimentos sociais, ambientalistas, sindicatos, pastorais, entidades de classe, estudantes e todas e todos aqueles envolvidos na resistência e no enfrentamento aos impactos territoriais provocados pelas grandes corporações do setor de papel e celulose e suas monoculturas.

O acervo partilhado nessa plataforma possui relevância social pois colabora para resgatar a memória de lutas populares e conquistas de diferentes segmentos da sociedade civil organizada contra as monoculturas de árvores para fins industriais em várias partes do Brasil.

Todos os materiais e informações são disponibilizadas de forma colaborativa, tendo como objetivo: fomentar estudos, pesquisas cientificas, conhecimentos contra hegemônicos, políticas públicas, denúncias, assim como, fortalecer as lutas nos territórios contra o agronegócio e sobretudo contribuir para ações efetivas que busquem a construção de uma transformação estrutural da sociedade.

Por isso, reunimos de forma digital e gratuita um acervo de interesse público, que só pode ser consolidado a partir da colaboração dos movimentos aglutinados na Rede Alerta contra o Deserto Verde (RADV), que entendem a necessidade urgente de parcerias e partilhas para construirmos caminhos e alternativas, frente as várias facetas do agronegócio.

Nesse sentido, a plataforma disponibiliza em suas seções: teses e dissertações, vídeos, cartilhas, cartas\notas\manifestos, legislações, podcasts, fotos, mapas, artigos, notícias e memória das lutas e resistências.

Historico da criação da rede alerta contra o deserto verde

Na segunda metade da década de 60 do século passado, se instalou na região de Aracruz no Espirito Santo uma empresa plantadora de eucaliptos que se auto intitulou ARACRUZ FLORESTAL.

Usando dos meios mais sórdidos, essa empresa se apoderou das terras dos Tupinikins que habitavam a região desde tempos imemoriais. E com seus correntões, devastou a densa Mata Atlântica que havia na região.

No anos 70, começou a obra da fabrica da então ARACRUZ CELULOSE, que seria abastecida pelos monocultivos da ARACRUZ FLORESTAL, parte do conglomerado que se instalou na região.

A chegada de cerca de 11.000 homens para a sua construção devastou por completo a comunidade de Barra do Riacho que nessa época se limitava a cerca de 800 pessoas que viviam da pesca no Rio do Riacho e no mar.

A prostituição e a violência contra as mulheres dessa comunidade se tornou corriqueira.

A fábrica foi construida no mesmo local onde antes se situava a principal aldeia Tupinikim da região.

Para abastecer a fábrica a empresa tomou para si toda uma bacia hidrográfica da região e construiu suas represas de agua para seu consumo.

Esses córregos represados corriam para o Rio do Riacho que teve sua biodiversidade impactada e sua vazão praticamente zerada pelos desvios criminosos do seu curso por parte da empresa.

Essa ação por parte da empresa causou, e causa até hoje sérios impactos sobre a comunidade de pesca da Barra do Riacho pois a perda da força do Rio causou o assoreamento do boca da Barra impedindo o livre transito de embarcações dos pescadores e também sobre a comunidade de um modo geral pois ela bebia e vivia do Rio do Riacho que teve a qualidade de suas aguas completamente deterioradas pelos impactos da instalação da fábrica.

Ainda em meados dos anos 70 é inaugurado o PORTOCEL ao lado de Barra do Riacho causando mais impactos a sua frágil comunidade pesqueira.

No final dos anos 70 a ARACRUZ FLORESTAL chega com seus correntões ao Norte do ES e toma as terras das Comunidades Quilombolas.

No fim dessa década, uma pequena vitória, os indígenas partiram para o conflito e recuperaram uma pequena parte de seu território.

A partir dos meados dos anos 80 a devastação segue firme pelo Norte, mas, com a redemocratização do país e com o surgimento do diversos movimentos sociais, esses conflitos foram ficando cada vez mais evidentes e claros, pois o monocultivo, que no inicio se instalou em áreas indígenas e quilombolas, seguiu avançando sobre as terras mais nobres e apropriadas para a agricultura no ES, avançando sobre comunidades camponesas e sobre áreas reivindicadas pelo MST como ideais para assentamentos das inúmeras famílias sem terra.

Nesse momento os movimentos organizados da luta pela terra, como o MST e o MPA começaram a questionar os limites dessa expansão.

Nos anos 90 com a implantação do modelo neoliberal pelo patronato, as demissões em massa dos trabalhador@s dos complexos Florestais e Industriais, trouxe mais um elemento das violações sobre os mais elementares direitos trabalhistas. Em uma década a empresa que empregava diretamente cerca de 11.000 pessoas foi reduzido a cerca de 800 pessoas.

Todo esse acumulo de violações, sobre os mais diversos grupos comunitários, culminaram nos fim desses anos na criação da REDE ALERTA CONTRA O DESERTO VERDE.

A esses grupos citados, que sofreram e sofrem as mais diversas violações, se juntaram Artistas, Professores e Estudantes de varias áreas, Lideres Religiosos, Lideranças Comunitárias, Políticos e Pesquisador@s, Cineastas e outras pessoas das mais diversas organizações do meio urbano nessa criação.

Debates na UFES no fim desses anos já sinalizavam essa criação.

Em 2001, a REDE organiza o SEMINARIO INTERNACIONAL SOBRE OS IMPACTOS DOS MONOCULTIVOS.

Em 2002, é lançado o filme CRUZANDO DESERTO VERDE, produzido pela FASE e realizado pelo cineasta capixaba Ricardo Sá.

A partir desse momento são várias as intervenções e marchas denunciando essas crescentes violações.

Em 06 e 07 DE OUTUBRO DE 2005, os indígenas ocupam os escritórios da fabrica em Aracruz.

Ainda em 2005, fruto das Escolas de Formação Politica e Ambiental que a FASE organizava com as Comunidade Quilombolas, foi criada a Comissão Quilombola do Sape do Norte que englobava lideranças das varias comunidades espalhadas em meio ao monocultivo.

Em 29/07/2006, aconteceu a RETOMADA DO CEMITERIO QUILOMBOLA EM LINHARINHO.

Em 12 DE DEZEMBRO DE 2006, os Indígenas ocupam o PORTOCEL, porto especializado na exportação de celulose.

Em 23 Julho de 2007 acontece a Retomada do Linharinho, movimento quilombola que contou com o apoio de dezenas de outros grupos sociais como o MST e o MPA.

Entre os anos de 2007 e 2010 ocorreram os tramites burocráticos que culminaram na devolução de mais 11.000 hectares aos indígenas de Aracruz.

A Partir de 2010 diversos movimentos de auto demarcação do território quilombolas acontecem:

RETOMADA DO ANGELIM 1

RETOMADA SÃO DOMINGOS

2015

RETOMA DO CANTAGALO

RETOMA CORREGO ALEXANDRE

RETOMA CORREGO ANGELICA

RETOMA CORREGO FELIPE

RETOMA LAGOA MURICI