CARTA EM REPÚDIO AO EMPRÉSTIMO SOLICITADO PELA SUZANO AO IFC
Nós, da Rede alerta contra os Desertos Verdes do Brasil repudiamos a approvacao dum empréstimo
do IFC (Corporação Financeira Internacional, membro do Grupo Banco Mundial) à empresa Suzano
para a construção de uma nova fábrica de celulose e papel, oledodutos, estradas, pontes e uma
fábrica de processamento químico para eucaliptos, no municipio Ribas do Rio Pardo, no Mato
Grosso do Sul.
O projeto Cerrado, da Suzano, irá ocorrer em uma região ameaçada: o Cerrado do Brasil. Gerará
riscos, impactos ambientais e sociais adversos e irreversíveis ao meio ambiente e a população local,
no entorno do projeto.
O IFC (Corporação Financeira Internacional) membro do Grupo Banco Mundial, diz que “promove o
desenvolvimento econômico e a melhoria da vida das pessoas ao estimular o crescimento do setor
privado nos países em desenvolvimento. Alcançamos nosso objetivo por meio da criação de novos
mercados, da mobilização de investidores e do compartilhamento de conhecimento. Ao fazer isso,
criamos empregos e elevamos o padrão de vida da população, especialmente os mais pobres e
vulneráveis. Nosso trabalho apoia o duplo objetivo do Grupo Banco Mundial de erradicar a pobreza
extrema e estimular a prosperidade compartilhada.”
Porém, com este empréstimo à Suzano, o que o IFC estará promovendo é justamente uma piora na
qualidade de vida de toda população que vive em seu entorno, retirando suas possibilidades de
trabalho, alterando os seus modos de vida e agravando a insegurança alimentar.
Mesmo assim, a empresa quer ampliar a sua atual capacidade de produção de celulose em
aproximadamente 20% sobre um bioma ameaçado de extinção! Justifica esta destruição massiva do
cerrado com argumentos como a promessa de 10 mil empregos durante a fase de construção da
fábrica, o emprego de 3.000 pessoas entre funcionários próprios e terceiros, assim que a fábrica
inicie o funcionamento, e a venda de aproximadamente 180 MW médios de energia para o sistema
elétrico nacional.
Sabemos que tais promessas não procedem e não compensam as perdas. Há décadas
denunciamos os impactos e conflitos desta empresa, quando ainda era Aracruz Celulose e depois
Fibria, inclusive junto ao IFC. A Suzano acumula hoje um imenso passivo social e ambiental, um
histórico de violações e ilegalidades e segue ampliando suas violências nos territórios, sobretudo,
em território quilombola, ribeirinho, camponês e indígena.
Há impactos diretos da sobreposição dos monocultivos às florestas, aos modos de vida locais, à
cultura, à segurança alimentar. Há o aumento da insegurança mental e física e de atentados às
vidas das comunidades, tal como ocorrem na Bahia e no Espírito Santo. Gera a contaminação das
águas, do solo, da fauna e flora, e das plantações de alimentos através da pulverização aérea e por
drones. Com a destruição das nascentes surge a erosão.
Os efeitos ambientais locais dos monocultivos tornam as comunidades atingidas mais vulneráveis
aos desdobramentos da emergência climática, sobretudo, em um bioma ameaçado como o Cerrado
Brasileiro.
Reforçamos aqui a denúncia feita na Carta do Encontro da Rede Alerta Contra os Desertos Verdes
(anexo 1), em setembro de 2022: a expansão das monoculturas e sua cadeia logística e indústrial
resultam em perda de biodiversidade e de qualidade de vida, no campo e na cidade. E também a
denúncia contra o plantio de árvores transgênicas pela Suzano. A empresa já possui três
aprovações da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) para plantar eucaliptos
transgênicas, incluindo uma variedade para obter maior produtividade de madeira e duas para serem
resistentes ao glifosato (anexo 2).
Somos contra todo e qualquer investimento nas empresas de celulose e monocultivos de árvores!
REDE ALERTA CONTRA OS DESERTOS VERDES
Dezembro 13, 2022.