Carta à Equipe de Transição do Meio Ambiente do Governo Lula

Rede Alerta Contra os Desertos Verdes

Carta à Equipe de Transição do Meio Ambiente do Governo Lula

8 de Dezembro de 2022

Reunindo comunidades quilombolas, indígenas, mulheres quebradeiras de coco de babaçu, sem terras, trabalhadores da indústria de celulose e de suas monoculturas de eucalipto, acadêmicos e pesquisadores, ambientalistas e defensores de direitos humanos, do Maranhão, da Bahia, do Espírito Santo, de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, a Rede Alerta Contra Desertos Verdes atuou nos territórios para derrotar Bolsonaro e seu projeto antidemocrático.

No dia 8 de Dezembro, participamos da Plenária Sociedade Civil e Climática, e enviamos aqui abaixo as sugestões e demandas da rede, como contribuição ao novo governo:

1. O Plano Nacional de Florestas não deve incluir em seu planejamento as grandes monoculturas de árvores (incluídas as transgênicas). Plantações de árvores não são florestas! Não possuem sociobiodiversidade. No novo governo, devem ser consideradas apenas como plantações, e tratadas como tal.

2. As monoculturas geram poucos empregos, usam grande quantidade de agrotóxicos e fertilizantes químicos, concentram a terra e destroem as nascentes e córregos onde se instalam. O agronegócio de árvores empobrece a população, gera fome e crise hídrica em seu grande entorno.

3. Incentivo à produção agroecológica e geração de empregos para camponeses e populações tradicionais, que preservem a biodiversidade em seus territórios, combatendo assim a fome, evitando migrações para as grandes cidades e consequentemente diminuindo a violência.

4. Barrar a expansão e reparar os crimes sociais e ambientais das grandes monoculturas de árvores, que durante décadas tem promovido o desmatamento e a expulsão de comunidades tradicionais de seus territórios. Consideramos que o desmatamento, outra de suas prioridades, não pode continuar ocorrendo, se quisermos cumprir os compromissos junto à comunidade internacional, predisposta a voltar a colaborar com o Fundo Amazonia.

5. Os territórios afetados pelo desmatamento, erosão de solos e consequentes crises hídricas, devem ser recuperados com reflorestamento com as espécies nativas de seus respectivos biomas, não permitindo sua utilização para compensação de emissões.

6. Não permitir que bancos de desenvolvimento, como o BNDES, concedam mais empréstimos para a expansão de monoculturas de árvores; que esses bancos cumpram efetivamente sua função socioambiental;

7. Titulação urgente de territórios quilombolas, indígenas e das quebradeiras de coco do babaçu e políticas públicas adequadas para esses povos tradicionais.

8. Levantamento de terras públicas griladas e Reforma Agrária, para produção de alimentos e enfrentamento da fome e do latifúndio.

9. Não permitir que as monoculturas de eucalipto compensem as emissões de gases de efeito estufa, pois são plantios de curto ciclo e apenas quimicamente estabilizados.

Como aliados para enfrentar os desafios que nos esperam, contamos com seu pleno apoio às demandas dos movimentos sociais que lutaram para sua vitória.

Rede Alerta Contra os Desertos Verdes

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