as operações da Stora Enso no Brasil são socialmente e ambientalmente insustentáveis
31 de Agosto de 2006
(disponivel em inglés y espanhol)
NÓS, ABAIXO ASSINADOS, HOMENS MULHERES E JOVENS, TRABALHADORES RURAIS E URBANOS, ÍNDIOS, AMBIENTALISTAS, CIENTISTAS, PROFESSORES, ESTUDANTES, VIMOS DENUNCIAR A SITUAÇÃO DE DEGRADAÇÃO E MISÉRIA EM QUE SE ENCONTRA A REGIÃO DO EXTREMO SUL DA BAHIA, PROMOVIDA PELA EMPRESA DE CELULOSE, VERACEL, UMA JOINT-VENTURE DA STORA ENSO.
HISTÓRICO VERACEL/STORA ENSO
Ao longo dos anos a Veracel obteve um histórico de degradação ao meio ambiente, concentração de terra, expulsão de milhares de trabalhadores do campo para as periferias das cidades, causando grandes transtornos sociais e ambientais.
Em 1993, a empresa de celulose, utilizou tratores de esteiras ligados por correntões e derrubou grande quantidade de madeiras, como braúna, jacarandá e outras madeiras de lei. Ainda hoje, tramita no Ministério Público Federal, uma Ação Civil Pública, movida por diversas entidades como Greenpeace, Gambá, Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Teixeira de Freitas e CEPEDES contra a empresa que na ocasião se chamava veracruz florestal.
Recentemente, a empresa recebeu uma multa do IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, por Impedir a regeneração natural de vegetação de Mata Atlãntica para implantação de projetos para plantio-cultivo de eucalipto, numa área total de 1.203 hectares, em desacordo com a licença e autorizações recebidas.
No mesmo período, o Ministério Público Federal, determinou através da recomendação número 18, de 28 de dezembro de 2005, que fosse retirado os plantios de eucalipto do entorno dos parques visto que é proibido por Lei.
Nas margens das rodovias do Extremo – Sul estão acampados mais de 12 mil famílias. A tendência é que esse número seja dobrado em curtíssimo prazo, pois a cada nova fazenda comprada pelas empresas, trabalhadores rurais são enxotados para as periferias urbanas da região.
Não satisfeita com a quantidade de terras adquiridas no extremo sul da Bahia para o plantio de eucalipto, a veracel celulose avança agora para o sul do estado com toda a sua volúpia e truculência. Só no município de Mascote a empresa adquiriu diversas propriedades. Aproximadamente, 400 trabalhadores perderam seus postos de trabalho. Grande parte destes trabalhadores, deslocaram-se para a periferia das cidades vizinhas.
As propriedades adquiridas possuem grandes remanescentes de Mata Atlântica. Numa das propriedades do Conjunto Santa Rita (formada por 04 fazendas) adquiridas pela veracel, já possui marcas de trator. As casas, currais e plantações já foram destruídas para apagar os vestígios de que um dia existiu ali, seres humanos que sobreviviam da terra, famílias que alimentavam seus filhos e conviviam com a diversidade de seres ali existentes.
Os índios Pataxó, Denunciam a Empresa Veracel Celulose por plantar eucalipto dentro de áreas indígenas, a exemplo do território do Monte Pascoal, que está em processo de estudo. “Essa empresa vem agredindo nosso meio ambiente, cooptando nossas lideranças com distribuição de veículos e promessas de benefícios com objetivo claro de nos dividir e continuar invadindo nosso território, isso tem sido praticado com a conivência da Funai, que tem buscado estabelecer convênios com a Veracel celulose, cuja prática tem gerado para o nosso povo impactos humanos, ambiental e cultural”.
Em toda a região, o plantio extensivo de eucalipto promoveu o desaparecimento de diversos rios e córregos, bem como o desaparecimento de diversas comunidades, como a de água rosada no município de Eunápolis e a comunidade da maurilia, que foi expulsa para que fosse construída a fábrica.
Entendemos que uma empresa como a Veracel Celulose, um dos símbolos do modelo de desenvolvimento que foi imposto de uma maneira arbitrária e violenta, resultando em todas essas conseqüências negativas, causadora de violência, miséria e fome, ao povo do Extremo Sul da Bahia, não pode ser considerada ambientalmente e socialmente sustentável.
Assinaturas:
ACPO – Associação de Combate aos POPs – SP
ACPO – Associação de Consciência à Prevenção Ocupacional – SP
AGB-ES – Associação dos Geógrafos Brasileiros – Seção ES
AGB-Rio AGB-Niterói – Associação dos Geógrafos Brasileiros RJ – GT Ambiente
AMASA – Associação de Moradores de Santo André – BA
AMAR – Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária – PR
APROMAC – Associação de Proteção ao Meio Ambiente de Cianorte – PR
ATLA – Associação Terra Laranjeiras – Juquitiba – Telma D. Monteiro- SP
Arlete Maria Pinheiro Schubert – Historiadora – ES
Bicuda Ecológica – RJ
Brigada Indígena – ES
Bruno Rodrigo Silva Diogo – MG
Carlos Casteglione – Deputado Estadual PT-ES
CEPEDES – Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul/Ba.
CDDH – Centro de Defesa dos Direitos Humanos – Teixeira de Freitas/BA
CDDH-Serra – Centro de Defesa dos Direitos Humanos Serra/ES
CIMI Leste – Conselho Indigenista Missionário – Equipe Extremo Sul-BA
CPT Diocese de Itabuna
CR MCPA FM Iguassu Iterei – Centro de Referência do Movimento da Cidadania pelas Águas Florestas e Montanhas Iguassu ITERREI
CUT Central Única dos trabalhadores Regional Extremo Sul da Bahia
Eliezer João de Souza – ABREA – Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto
Emil Schubert – Pastor Em. IECLB
Espaço Cultural da Paz – Teixeira de Freitas/BA
Fábio Martins Villas – Indigenista – ES
FASE/BA – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
FASE/ES – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
Fernanda Giannasi – Rede Virtual-Cidadã pelo Banimento do Amianto para a América Latina
FETAG/BA – Federação Estadual dos Trabalhadores na Agricultura
Fórum Estadual de Mulheres/ES
GAMBÁ – Grupo Ambientalista da Bahia
Ir. Nilma do Carmo de Jesus – Aracruz – ES
ITEREI – Refúgio Particular de Animais Nativos, P-IBDF 163 /78
João Batista Silva – Geógrafo – RJ
Lígia Moysés Nascimento – Rede Alerta Contra o Deserto Verde – ES
Mateus Alves V.de Melo – MG
Movimento Nacional dos Direitos Humanos/Regional Leste
MPA/ES – Movimentos dos Pequenos Agricultores
MST/ES – Movimento doa Trabalhadores Rurais Sem Terra
Rede Brasileira de Justiça Ambiental
RACAA-SUL (Rede de Associaçoes comunitarias de Assentados e nao assentados)
Rodrigo Gonçalves de Souza – CAMPO VALE – Engenheiro Agrônomo – Minas Novas/MG
Sabrina Bandeira Lopes – RJ
Sindicato Bancários do Extremo sul da Bahia
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Eunápolis
STR- Sindicato dos Trabalhadores Rurais de SANTA LUZIA
TERRÆ – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
Tiago Salles Teixeira –MG
Extraído de: http://www.wrm.org.uy/inicio.html